E se você tivesse um anjo da guarda “torto”?

Tô tentando ser blogueirinho, né... rsrsrs

Um terrível e confuso assassinato abala a todos na cidade de Tóquio. Uma promessa. Um sacrifício. Muitas e muitas referências. E uma lição: siga em frente. É nesse enredo que nos vemos abraçados em “O Repetente”, light novel do autor Henrique Zimmerer, lançada independentemente por ele. E já te aconselho a uma coisinha: lencinho pra dar uma secada nas lágrimas – de tristeza e de alegria – que você vai deixar cair enquanto lê esse shojo.

Nela, conhecemos o jovem Aoki Ken, filho do alfaiate mais renomado de Tóquio (Aoki Akira) e da psicóloga mais importante (Aoki Yasu). Adendo: no Japão, os sobrenomes sempre estão à frente dos nomes, pois o nome da família tem peso importantíssimo na tradição japonesa. A vida dessa família vira de ponta-cabeça quando a mãe do jovem é assassinada, e as suspeitas recaem sobre seu paciente Itsumi Yudi, que se tornara amigo da família há muito tempo. Só que as pistas não se encaixam, e nada faz com que o Ken aceite a sentença de morte que é imposta ao senhor Itsumi.

Na busca incansável por provas da inocência do senhor Itsumi e por respostas, Ken vasculha minuciosamente as notícias e tudo o que conseguiu de volta das investigações da polícia local. E é aí que somos apresentados à promessa que o jovem Ken fez à sua mãe: sempre ajudaria a todos, da mesma forma como ela sempre fez. Porém, essa promessa tem um custo muito alto, que até seu pai, mesmo não aprovando, o encoraja em certos momentos.

Já repetindo o 1º ano do Ensino Médio pela terceira vez, Ken sempre se propôs a ajudar aos excluídos da turma em que estivesse, mas de uma forma bastante peculiar: ele é o “delinquente” da escola, que zomba e se impõe como o valentão em vários momentos. Tudo isso para sustentar a pose de “menino mal”, mas ajudando a todos os que são excluídos pelos demais alunos.

Achamos que ele é sozinho no mundo, só tendo o pai (que é uma figuraça!!!) e mais ninguém. Mas é nessa hora que conhecemos a melhor amiga de Ken, a Keiko (também ex-namorada do rapaz) e vemos que, de fato, ele começa a montar o seu grupinho com mais 2 excluídos: Hiroki, o “porquinho”, e Mina, a gaga. Sim, pessoal, temos uma gaga na história... e que guarda um grande segredo (risos)! Além, claro, da presidente da turma, Yoko, se juntar a eles numa cena improvável: Ken faz questão de cair na pegadinha dos alunos, que trocaram as placas dos vestiários masculino e feminino após a aula de Educação Física, e acaba tomando banho no banheiro das meninas. Com isso, ele ganha aquela bela suspensão e a presidente da turma se vê na “obrigação” (se é que vocês me entendem, né...) de levar os exercícios para que o delinquente possa entregar na escola.

É o sopro de esperança que o senhor Aoki precisava: até que enfim o filho ia levar uma garota pra dentro de casa e amolecer esse coração de pedra que ele tinha - #sqn. As reações do pai são as mais hilárias e improváveis que a gente pode ver, sem dúvida alguma! Não tem como não desenhar as cenas e as expressões dele, gente! Me senti assistindo um anime, feliz!


Olha essa capa, meu pai do céu! 

Tudo muda quando Ken vê Mina desenhando e – pasmem os senhores – exatamente as personagens da light novel que o protagonista mais gosta: As Crônicas de Eastar (sim, meu povo: metalinguagem! E vocês precisam conhecer essa série de light novels, que também é do mesmo autor. Vocês não vão se arrepender.). É mágico para o rapaz: uma pessoa que tem o mesmo gosto que ele! Só que isso vai prejudicar a imagem de ovelha desgarrada que ele tem, e isso não pode acontecer jamais, não é mesmo? Vai vendo...

Os rumos que a história ganha são dignos de um anime, sem dúvida! Eu já disse que me senti assistindo um anime enquanto eu lia? Pois é, não menti. A escrita flui de uma forma tão gostosa que eu, no auge dos meus anos vividos (que eu não vou falar, claro), me senti no colegial de novo, com todos os problemas de aluno que eu já tive – e que hoje eu assisto atrás da mesa de professor, né – com todos aqueles pensamentos que passavam na minha despreocupada cabeça. Amava!

É espetacular a forma como o texto prende a gente do início ao fim (eu li em 2 dias esse livro, e estou de ressaca literária por causa disso)! Confesso que não era um gênero que eu tinha tanta afinidade, e acredito que foi por esse motivo que consegui aproveitar mais a leitura, pegar as referências (a música ficou na minha cabeça, senhor Henrique!) e me deliciar enquanto descobria os caminhos que o Ken seguia em seu autoconhecimento – moldado, em grande parte, pelo sofrimento pelo qual passou.


Fotinho do Henrique e eu no Anime Festival desse ano

O livro, como eu disse, é uma light novel – gênero que vem ganhando cada vez mais admiradores e leitores aqui no Brasil pela sua capacidade de representação, pela forma de se comunicar com os leitores (especialmente os mais jovens) e pelo modo de produção (que permite uma liberdade bem grande em relação à continuação das histórias). Além disso, ele tem boas ilustrações de momentos-chave da história, também uma liberdade que o gênero em si permite. Isso faz com que a leitura fique ainda mais gostosa!

Isso, sem dúvida alguma, faz com que cada vez mais pessoas passem a consumir Literatura; sabemos que o momento pede isso, pois o acesso à arte literária abre portas que jamais poderiam ser abertas de outra maneira. Então, a presença cada vez maior de títulos que permitam a introdução e manutenção da Leitura são mais que bem-vindos!

Enfim, esse livro foi uma leitura e tanto pra mim! Eu evito dar notas na maioria das leituras que faço, mas esse merece um 9 – porque eu fiquei com muita raiva do protagonista, e queria bater nele em vários momentos. O autor sabe disso... Mas, sem dúvida alguma, é uma leitura mais que prazerosa, e que vai alcançar ainda mais pessoas no Brasil! Recomendo com orgulho esse título a vocês!

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